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Quem tomou a vacina ainda pode transmitir o coronavírus e deve continuar usando máscara

A imunização contra Covid-19 no Brasil, ainda restrita aos grupos prioritários que estão mais expostos ao vírus ou têm mais risco de ter a forma grave da doença, veio acompanhada de muitos planos de quem está na espera para o dia seguinte da agulhada: festas, viagens e abraços nos avós. Mas calma.

Nenhuma vacina do mundo garante proteção imune total. Enquanto o vírus estiver circulando, há possibilidade de doença inclusive entre os imunizados —ainda que as vacinas reduzam os riscos de ter um quadro severo de Covid-19 e de mortes.

Em locais onde a vacinação está mais avançada, como Israel, quedas nas internações e mortes têm seguido mais ou menos o mesmo padrão, beneficiando de forma relativamente precoce e intensa os primeiros grupos de vacinados —em geral, os idosos.

A diminuição de casos ainda não é tão clara, em parte justamente porque nem todas as vacinas conseguem impedir a transmissão do vírus, mas também tem ocorrido.

Como ainda há pouquíssimos vacinados no Brasil, o risco de alguém que tomou a vacina contrair o vírus e transmiti-lo (mesmo sem ficar doente) para quem ainda não esteja protegido é bem grande.

Por isso, mesmo quem já tenha tomado as duas doses da vacina contra Covid-19 tem de seguir todos os protocolos amplamente conhecidos para segurar a transmissão da doença: distanciamento social, uso de máscara facial e higienização das mãos. Sem festinha.

De acordo com cientistas, nosso organismo pode levar quase dois meses para construir seu próprio escudo após o início da vacinação.

“A resposta do organismo pode variar de acordo com faixa etária e outros aspectos individuais. Não sabemos quando se dá exatamente a imunidade de cada pessoa”, diz a epidemiologista Ethel Maciel, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

No caso da Coronavac, o aprendizado do sistema imune ainda leva, aproximadamente, duas semanas após a aplicação da segunda dose.

No caso da vacina de Oxford/AstraZeneca, essa proteção contra o vírus começa em torno de 21 dias depois da primeira dose (a segunda dose tem um papel de prolongar a proteção adquirida).

Não há, ainda, nenhum estudo científico revisado e devidamente publicado sobre redução de transmissão do novo coronavírus entre vacinados pelas imunizações disponíveis no Brasil.

“A Pfizer reduz a carga viral em até quatro vezes e, por isso, poderia estar também reduzindo a transmissão do vírus. Mas ainda não temos essa certeza”, diz a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin (EUA). Vale lembrar: não temos a vacina da Pfizer no Brasil.

Para a microbiologista Natália Pasternak, as medidas de proteção devem ser relaxadas quando o número de casos, de hospitalizações e de mortes cair significativamente. “Vacina não é passaporte de imunidade, é uma ferramenta para chegar lá”, diz.

Por enquanto, os dias seguintes de quem tomou vacina contra Covid-19 têm de ser iguais ao dia anterior à imunização.

Folha de SP

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