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Coinfecção ameaça o trabalhador

Por Luiz Carlos Motta*

O momento é de preocupação entre os trabalhadores, em função do alastramento dos casos de infecção pela variante Ômicron, da Covid-19 e pela gripe H3N2 (influenza). Grande parte dos trabalhadores está sendo contaminada, inclusive pelos dois vírus, simultaneamente, o que constitui a chamada coinfecção. Os novos números divulgados voltam a subir. Nas últimas semanas, houve aumento de 58% de pessoas internadas em leitos de UTI, com ocupação de mais de 90 por cento das enfermarias, segundo o Governo do Estado de São Paulo. O cenário exige mais diálogo e medidas urgentes por parte das entidades que defendem os trabalhadores, patronais e governos, nos três níveis.

Bom senso

O governo paulista anunciou novas medidas de restrição. O principal objetivo é impedir eventos com aglomerações. A princípio, os setores de comércio e serviço não devem ser afetados. A recomendação feita pelo Estado é que eventos como show e jogos de futebol recebam 70% da capacidade total.
Uma decisão acertada: todos devem exigir o passaporte vacinal. As recomendações valem para eventos públicos e privados. Outra medida de bom senso é que os municípios devem continuar com autonomia para decidir de acordo com a sua situação epidemiológica local. Cada cidade vive uma realidade diferente da outra, mesmo estando muito próximas.

Termômetro

Os Shoppings também se preparam para enfrentar essa nova onda e cogitam a redução do horário de abertura das lojas. É necessário que decisões como essas sejam adotadas após diálogo com os trabalhadores e suas representações, para preservar os direitos dos comerciários e proteger a sua saúde e segurança. Apoio a volta de uma prática que já foi adotada quando as primeiras ondas de Covid-19 assustaram muita gente: a medição da temperatura das pessoas na porta de entrada dos estabelecimentos comerciais.

12 milhões de comerciários

A categoria comerciária, representada por mais de 12 milhões de trabalhadores em todo o Brasil, é a que mais se expõe durante uma situação de pandemia. Estes, para atenderem ficam fisicamente próximos aos clientes, manuseiam dinheiro, cartões e produtos. São ações que favorecem o alastramento das contaminações, seja da variante Ômicron ou de H3N2.
Por este motivo, os sindicatos dos comerciários em todo o Brasil, suas Federações e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), desenvolvem um intenso trabalho para que sejam adotadas (e mantidas) todas as regras de proteção à saúde dos trabalhadores em seus locais de trabalho. Além das medidas aqui citadas, devemos continuar mantendo importantes atitudes como o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento físico. Elas protegem a saúde dos trabalhadores, dos consumidores e dos próprios patrões.

Afastamentos

Nas últimas semanas temos observado um aumento expressivo no número de afastamentos de trabalhadores devido à contaminação. A maioria utiliza transporte público superlotado o que facilita a transmissão dos vírus.  Ainda não há números e estatísticas sobre esse aumento, mas ele é visível.
Esses afastamentos prejudicam todo mundo: as empresas que têm menos gente para atender a clientela e passam a ter menos receita, os comerciários, principalmente os que recebem comissionamentos e os governos que recebem menos impostos.
Por isso, as entidades de classe estão atuantes em suas bases sindicais para que a segurança e a saúde dos trabalhadores sejam preservadas nos locais de trabalho. Ao mesmo tempo, em suas redes sociais, estas entidades estão fazendo um trabalho de conscientização mostrando que os cuidados de prevenção ainda precisam ser tomados.
É urgente haver um  amplo diálogo entre trabalhadores, patrões, governos e instituições médicas respeitadas, em busca de soluções que preservem emprego, renda e a vida de todos.

*Luiz Carlos Motta é Deputado Federal (PL/SP) e Presidente da CNTC e da Fecomerciários.

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