Luiz Carlos Motta*
O mês de Março tem uma das datas mais importantes do calendário: O Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado, no dia 8, terça-feira. A data foi oficializada pela ONU em 1975, mas é comemorada desde o início do século 20. É uma grande oportunidade para se destacar as justas reivindicações de muitos direitos, ainda a serem conquistados.
Uma das conquistas mais importantes do século passado foi o voto feminino, reconhecido em 1932 e incorporado à Constituição de 1934. O voto da mulher, no entanto, era facultativo. Só tornou-se obrigatório, sendo equiparado ao voto dos homens, em 1965.
Foi também em Março, no dia 13, em 1934 que pela primeira vez se fez ouvir no Plenário do Palácio Tiradentes, sede da Câmara dos Deputados, na então capital federal, Rio de janeiro, uma voz feminina: Carlota Pereira de Queiróz, médica paulista e primeira deputada federal, eleita pelo voto popular.
Representatividade
Segundo o portal da Câmara dos Deputados, as mulheres representam apenas 15% do total de cadeiras naquela Casa de Leis. No Senado, a porcentagem é ainda menor: 12%. Em âmbito municipal, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita nas eleições de 2020. A representatividade das mulheres na política brasileira, infelizmente, ainda é muito baixa. O Brasil perde para praticamente todas as nações da América Latina, neste quesito, com exceção do Paraguai e do Haiti.
Em julho do ano passado, o Brasil ocupava a posição de número 140 no que se refere à participação política feminina, em ranking que contempla 192 países pesquisados pela União Interparlamentar.
Não creio que um sistema de cotas resolva o problema. Defendo a equidade e uma campanha permanente de conscientização sobre a importância do voto em mulheres e em candidatos que defendem seus direitos.
Com uma representação feminina mais expressiva, teremos ainda mais força para continuar lutando pela erradicação dos assédios de toda ordem, contra a violência e a discriminação entre outros crimes cometidos contra as mulheres em todas as classes econômicas e sociais.
No comércio
Na prática, tenho estimulado a participação e a eleição das mulheres em todas as instâncias. Na Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários) entidade que representa a maior categoria de trabalhadores urbanos do País, com 12 milhões de integrantes, sendo 2,7 milhões só no Estado de São Paulo, implantamos o Conselho da Mulher, coordenado pela atuante Rosana Alarcon, da Cidade de Fernandópolis. Dos 71 sindicatos filiados à Federação, temos 12 deles presididos por mulheres, participação que precisa ser ampliada, uma vez que no comércio elas são maioria. Também estamos organizando o retorno presencial do histórico Encontro intitulado “Mulher Valorizada, Comerciária Fortalecida”, que em 2021 teve ações virtuais, devido às restrições da pandemia.
O que nos estimula a continuar nessa luta é o fato de que, a cada ano, um maior número de instituições nacionais e internacionais tem ampliado o espaço para o empoderamento das mulheres. Este ano, por exemplo, a ONU ampliou o alcance do tema para o Dia Internacional da Mulher, cujo foco é “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”. A ONU reconhece a contribuição de mulheres e meninas em todo o mundo, que estão liderando a tarefa de adaptação às mudanças climáticas, mitigação, e resposta, para construir um futuro mais sustentável para todas as pessoas e para o planeta.
Este ano, os brasileiros terão uma grande oportunidade para escolher, nas eleições de outubro, candidatos e candidatas que se alinham à essas nobres e justas causas.
*Luiz Carlos Motta é Deputado Federal pelo PL de São Paulo, presidente da Fecomerciários e da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).