O mercado de trabalho dos jovens tem características muito particulares a essa faixa etária, como altas taxas de desemprego e de rotatividade. As transições para dentro e fora do mercado e entre postos de trabalho são mais frequentes do que entre trabalhadores mais velhos.
Jovens ainda estão concluindo sua formação e descobrindo suas vocações. Ao mesmo tempo, têm menos experiência acumulada e estão criando reputação junto aos seus empregadores e colegas.
De acordo com os dados do IBGE de 2016 a 2018, 50% dos jovens de 14 a 24 anos estavam fora do mercado de trabalho. Entre os que estavam no mercado, 28% estavam desempregados, 33% tinham empregos com carteira assinada, 23% sem carteira, 10% trabalhavam por conta própria, e os demais 6% estavam ocupados como servidores públicos, empregadores ou em atividades domésticas sem remuneração.
A título de comparação, em 2018, para toda a população com 14 anos ou mais, 32% estavam fora do mercado de trabalho. Entre os que estavam dentro, 12% estavam desempregados, 34% tinham empregos com carteira assinada, 14% sem carteira, 21% trabalhavam por conta própria, e os demais 19% estavam ocupados como servidores públicos, empregadores ou em atividades domésticas sem remuneração.
Ou seja, desemprego e emprego sem carteira são relativamente mais altos entre os mais jovens, enquanto participação na força de trabalho, empreendedorismo e acesso ao funcionalismo público concentram-se entre os mais velhos.
Dados do IBGE para o mesmo período e que permitem acompanhar os mesmos jovens ao longo de cinco trimestres consecutivos oferecem a chance de se mensurar mais precisamente as transições dentro desse curto período entre as diversas posições na ocupação.
Do 1º ao 5º trimestre, jovens de 14 a 24 anos que estavam fora da força de trabalho tem 73% de chance de permanecerem nessa situação. Os demais 27% entram na força, mas metade (12,8%) não encontra emprego. E entre os que encontram emprego, metade (6,5%) acaba no emprego sem carteira assinada. A entrada do jovem no mercado de trabalho não é, portanto, nada trivial e envolve enorme risco de desemprego e de precarização.
Uma vez no mercado de trabalho, as transições de um ano para outro costumam ser relativamente difíceis. Jovens que estavam desempregados têm 37% de chance de permanecerem desempregados e 28% de desistir e sair da força. Dos que conseguem alguma ocupação, em torno de 40% acabam no emprego sem carteira (14% de 35%).
E uma vez como empregado sem carteira, a chance de permanecer nessa situação de um ano para outro é relativamente alta, de 42%. Apenas 17% conseguem um emprego com carteira assinada no ano seguinte, enquanto a chance de ficar desempregado e de sair do mercado são, respectivamente, 14% e 18%.
A situação mais absorvente, uma vez dentro do mercado de trabalho, é o emprego com carteira. No intervalo de um ano, a chance de permanecer num emprego com carteira é de 72%, enquanto a de migrar para um sem carteira de trabalho assinada é de apenas 7%. As chances de ficar desempregado ou de sair da força são de 10% e 8%, respectivamente.
Em resumo, a vida do jovem que busca ingressar no mercado de trabalho é cheia de sobressaltos. Mas uma vez no emprego com carteira, seu vínculo com o mercado e com o emprego tendem a ser mais fortes. Políticas que permitam a adequada formação desses jovens para a rápida incorporação no mercado formal deveriam ser a tônica das políticas voltadas ao emprego dos mais jovens.
Fonte: Folha de SP