Campanha salarial mantém poder de compra dos comerciários mesmo em ano de crise para montadoras e deve beneficiar cerca de 100 mil trabalhadores
(Fonte: Fecomerciários)
Fecomerciários e Sincodiv assinaram ontem (20/1), a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para os comerciários de concessionárias. O reajuste é de 9,9% (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e todas as cláusulas sociais da Convenção anterior foram mantidas. O aumento é retroativo a 1º de outubro, data-base da categoria e abrange 100 mil trabalhadores em todo o Estado. As diferenças relativas ao período da data-base até agora serão pagas em quatro vezes, incluindo o 13º salário.
Pelos trabalhadores assinaram a CCT: Luiz Carlos Motta (Presidente da Fecomerciários),Mario Herrera (Marília), Jair Mafra (Mogi das Cruzes), Arnaldo Biloti (Santos), Ademar Gonçalves (ABC), Aparecido Nunes (Campinas) e Marcos Afonso de Oliveira (São Paulo). Foram representantes dos empregadores: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria (Presidente do Sincodiv), Alarico Assumpção Jr.(Presidente da Fenabrave) e Octavio Vallejo (Superintendente do Sincodiv).
Para este ano, já ficou acertado, entre as partes, que as conversas em torno da Campanha Salarial vão começar em abril. A antecipação tem como objetivo evitar eventuais atrasos na assinatura da CCT, devido à crise econômica, como aconteceu em 2015. O presidente Motta explica: “Sabemos que a crise atinge comerciantes e comerciários. Mas ela não foi criada pelo trabalhador. Portanto, não podemos pagar uma conta que não é nossa. No caso, com atraso na definição do reajuste”.
O presidente da Fecomerciários adianta que no decorrer desses encontros também serão discutidas questões sobre o cumprimento rigoroso da CCT, demais acordos e condições de trabalho da categoria. “Nossa profissão é regulamentada, conquista que fortalece a nossa luta”.Hoje, somente no Estado de São Paulo são 2,7 milhões de comerciários representados por 68 Sindicatos filiados à Fecomerciários.
De acordo com o presidente do Sincodiv, Álvaro Rodrigues Antunes de Faria, apesar de ter sido uma Convenção demorada, com dificuldades, chegou-se a um bom acordo para patrões e trabalhadores. “Foi uma CCT muito bem trabalhada e construída ao longo dessas discussões. O setor terminou o ano muito mal. Por essa razão a negociação demorou mais,mas acho que a classe empresarial concedeu aquilo que é possível arcar para 2016”, afirma.
Alarico Assunção Junior, presidente da Fenabrave, divide a mesma opinião. Ele observa que 2015 foi o pior ano em 50 anos de atividade da entidade. “Foi um período sem precedentes. Infelizmente, empresas fecharam, trabalhadores perderam o emprego. Respeitamos o trabalhador. Sem ele, nós não existiríamos. E, como disse o Motta, os trabalhadores não existem sem os empregadores. Enfim, o que queremos dizer é que capital e trabalho não podem ser desassociados”.
Como os demais representantes patronais, Octavio Vallejo, ressalta: “Esse ano foi totalmente atípico pelas circunstâncias que nós enfrentamos no País. Por isso, as negociações foram difíceis. Não se trata de intransigências. É que cada qual, ao seu modo, procurou o melhor para a sua categoria. Não se tratou de questão política ou de ‘vou ganhar em cima dele’. Era questão de sobrevivência da categoria. Mas chegamos a um consenso com o Motta, que sempredefende com muita garra e determinação os trabalhadores. Foi difícil, mas chegamos a um denominador comum”.
Na avaliação do presidente Motta a negociação com o Sincodiv,em 2015, enfrentou os impactos da crise econômica e todos os “sofrimentos” que submete aos trabalhadores. “Inflação, recessão e desemprego são efeitos da crise econômica que atingem, de modos diferenciados, patrões e empregados. Por isso, cada parte foi flexível em seus posicionamentos e chegamos a um consenso”.
Motta informa que, a exemplo dos trabalhadores do comércio varejista e atacadista e das concessionárias, os práticos de farmácia terão as conversas acerca da CCT antecipadas a fim de que sua assinatura não ultrapasse a data-base, ou seja, 1º de julho.